terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Desabafo

Enquanto abria a garrafa de vinho, acendia seu cigarro, olhava para todos que estavam na mesa a sua volta, porém havia uma cadeira vazia, e sentia falta da pessoa que ali não estava. Todos eram seus amigos, amigos de longa data, porém quem faltava também costumou ser uma grande amiga por um bom tempo.

Nunca foi de esperar muito das pessoas, pelo contrário sempre se preocupou mais em ajudá-las do que em se ajudar, e de uma hora para a outra tudo estava caindo, tudo parecia estar perdido, abrir aquela garrafa de vinho, apesar do curto tempo que levava, nunca pareceu demorar tanto.

Sempre quis a verdade, mas nem sempre teve, nunca ligou para mudanças de opinião, mas se irritava facilmente com hipocrisias.

Serviu o vinho para todos, sentou, cruzou as pernas, e acendeu outro cigarro, apenas ouviu o que se falava a mesa, não emitiu qualquer tipo de opinião, e sequer absorveu o que ali se falava, sua cabeça estava longe, em outro plano, em outro lugar, e pensando em outra pessoa, que não estava ali.

Gostaria que todo mundo o entendesse, mas preferia ficar quieto, e não falar nada sobre o que se passava em sua cabeça com ninguém, por mais que quisesse não queria ouvir a opinião alheia sobre algo que era somente seu.

Se levantou, serviu-se de uma bela dose de Bourbon, e tomou num gole só, esperou o álcool agir em seu sangue, pegou uma chave de sua casa, e deixou a outra com seu melhor amigo, pegou os fones de ouvido e o maço ainda novo de cigarro na mesa.

Garoava na rua aquela noite, mas não se importava, entre a música de seu ouvido, o cigarro de sua boca, havia a consciência do para onde estava indo, e o que iria fazer ou falar, conhecia aquela pessoa melhor do que ninguém para saber seus passos.

O primeiro restaurante que a levou, era o seu preferido, Bourbon inglês da melhor qualidade, com o melhor blues que já ouviu em sua vida, amava aquele lugar, e ela passou a amar também, foi informado por outros, que ela sempre ia de sexta feira, mesmo com o fim do relacionamento dos dois.

Ao chegar no restaurante, olhou para a mesa de sempre, e se deparou com a sua musa inspiradora, sentada com um outro rapaz, com roupinhas da moda, prata no pescoço, boné “new era” de lado, e anéis de prata espalhados pelo dedo, ou seja, alguém que nunca foi o que ele almejou ser, otário.

Sentou no balcão e só esperou a movimentação da garota, a hora em que ela entrou no corredor escuro, ao lado da porta de saída do bar, ele deu dois passos seguindo-a, puxou-a pelo braço e lhe deu, aquele que talvez tenha sido o melhor beijo que já deu em alguém, um beijo que envolvia sentimento, pegada e adrenalina, ao fim, lacrimejando, disse:

- Eu te amo, era isso que você sempre quis ouvir, e eu nunca tive coragem de dizer, tudo que eu mais quero é ter você pra sempre na minha vida.

Ainda sob lágrimas, virou-se de costas, pôs os fones, acendeu um cigarro e saiu naquela garoa, que naquela hora tornara-se uma chuva forte. E ela, sem entender, voltou para a mesa.

Agradecimento: A brother de skype, Pam Stort, pela ajuda com o final sem final, e com o título.. Valeu PamPam We're together, brow!

3 comentários:

Pam Stort disse...

Adorei!!! Ficou muito bom...
é nois mano!!! rs...

maari campos disse...

Realmente muito bom, muito bonito também. Está de parabéns, não só por esse mas pelos outros também.

Jú Martins disse...

Arrasou Rapaz!!! Adorei!!!