quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A Americanização de uma geração


Durante muitos anos as gerações conviveram com poucas mudanças.
Mudanças que em nada atrapalharam a essência de uma sociedade, apenas lidaram com novas tecnologias, novas formas de trabalho, novos métodos de estudos, de linguagem, mas nada que atrapalhasse o convívio que sempre se teve em sociedade.
Porém, vimos que o final da década de 80, e o inicio da década de 90, uma aceleração, que mudou a forma de convívio, muito em razão do advento da internet ao mundo, bem como a uma forma de comunicação mais rápida.
Se antes, o telefone era o principal meio de comunicação entre amigos, vemos hoje o facebook, e a falsa criação do amigo, a alimentação de falsos sentimentos de amizade. A parte boa disso tudo, é que para falarmos com amigos distantes, tudo se tornou mais simples, mas isso não é nem deve ser aplicado aos amigos que temos por perto.
Afinal, lembro que no começo de dezembro resolvi mandar um cartão postal para a minha família do Canadá, desejando feliz Natal e bom Ano Novo, cartão este que chegou apenas em fevereiro, facilidades que o mundo nos trouxe, mas não podemos esquecer, você parar por um tempo e escrever para uma pessoa, faz dessa pessoa única, dentro de todo um contexto.
As fotos antigamente, que eram o momento mais esperado de um “role” interessante, e demoravam horas, talvez dias para serem reveladas, hoje o leitor de LCD facilitou essa longa espera.
Antigamente o cara mais “cool” da galera, era aquele que tinha a Polaroid, que revelaria a foto na hora, hoje a maior parte dos amigos tem o instagram para, além de revelar a foto na hora, filtrá-la e fazer daquela foto uma “obra de arte”.
Há pouco tempo, o clube e a rua eram os locais onde mais fazíamos amigos, hoje em dia, as crianças fazem seus amigos no condomínio, quando a mãe deixa sair de casa e na escola, por uma pura obrigação de não ser excluído, e se ficar mais tempo na saída trocando figurinha, a mãe com seu carro na porta do colégio manda uma SMS para o celular da pobre, inocente criança.
Com toda a certeza, a galera que nasceu mais perto do XXI, perdeu a melhor parte da adolescência, sem mesmo serem adolescentes, eles nunca saberão que a maior preocupação neste período, era qual o horário encontraríamos os amigos no clube, eles jamais saberão o que é ligar a cobrar pra casa de um amigo, porque jamais, alguém de 15 anos teria um celular.
Nunca saberão o que é chegar da festa de 15 anos da menina mais bonita da escola, bêbado, com o pai e/ou mãe esperando acordado, porque hoje em dias eles já têm celulares para os pais não ficarem tão preocupados.
A verdade é que há em todo esse contexto, uma americanização da nova geração, onde os principais amigos são os da escola, e da casa ao lado, onde o caminho é escola – casa – cama, onde não se faz amigos nos bares, na rua, nos postinhos de gasolina.
Se a preocupação era o que fazer depois da escola, jogar futebol ou basquete, a preocupação de hoje é que será que estará online no face, na “live” para jogar um pes2012.
Jamais saberão o que é zoar e ser zoado, apanhar e bater, porque hoje isso é bullying, e trata-se esse tema para qualquer zoeirinha que possa haver na escola.
Infelizmente essa geração nasceu fadada a perder a melhor parte da vida e do convívio com amigos.
Pelo menos, eu posso garantir que a minha geração 88/89/90 teve chance de aproveitar o último suspiro das coisas boas da adolescência. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Para tal, é necessário tubarões

Gabriel Storoli Veraldi disse...

Com toda a certeza...

thaicorsi disse...

palpitou o coração